ELEIÇÕES 202



A campanha começou...

Nesta quinta-feira, 5 de maio, já era o começo da noite, e eu passei por uma experiência tão estranha que me pareceu ser importante compartilhar com vocês nesse espaço de reflexão.

Eu saí do trabalho e pedi uma corrida por um aplicativo. Entrei no carro e o motorista estava com o rádio ligado em alto volume. Isso sem, nem ao menos, me perguntar se havia interesse meu em ouvir aquilo daquela altura. Cansado e com um pouco de dor de cabeça, acabei ficando indignado com a empresa multinacional que reúne motoristas no mundo inteiro, a UBER, que prometeu mundos e fundos de melhoria nos serviços de transporte de passageiros em relação aos taxis. Lembrei-me que, no início da operação desse tipo de serviço no Brasil, os motoristas perguntavam aos passageiros se queriam água, balinha e até que tipo de música os interessava. Tudo isso acabou.

Mas a coisa piorou. No som do carro passei a ouvir uma longa sonora do presidente da república falando do quanto ele melhorou a vida de todos os brasileiros com o fato de ter dado auxilio emergencial e agora uma ajuda chamada "Auxílio Brasil". Ao ouvir aquilo, pensei que se tratava da "Hora do Brasil" (programa do Governo), mas conferi no relógio e não eram ainda 19 horas. Daí me dei conta que se tratava de um radiojornal de uma rede de rádio com sede em São Paulo.

Pensei bem: auxílio emergencial em uma emergência sanitária não melhorou a vida do brasileiro e era obrigação básica, porque além do auxilio era preciso fazer muito mais pelos brasileiros o que não foi feito; e um programa social como esse que o presidente se refere já existia em muitos governos, com outros nomes, há décadas, e isso também, infelizmente, não melhorou a vida do brasileiro. 

Mais a coisa piorou ainda mais. Entrou um comentarista que disse que a palavra do candidato à reeleição estava coberta de razão e só não reconhecia isso quem era ideológico e queria fazer o jogo sujo de campanha eleitoral antecipada, condenada pela justiça.

Pronto. Minha dor de cabeça aumentou. Pensei: fazer aquele tipo de afirmação que o presidente fez já era um disparate e tinha tom totalmente eleitoreiro e se eu não acreditar naquilo, estarei eu sendo ideológico e fazendo campanha eleitoral antecipada contra o presidente? Ficou tudo, muito pior.

E para concluir. Além do discurso do som do carro do motorista de aplicativo ter me deixado muito confuso e com mal estar, fiquei ainda mais indignado ao imaginar que talvez ele teria deixado eu ouvir tudo aquilo, naquela altura, para me dar um recado sobre quem eu devo escolher para votar nas próximas eleições. Aí foi é demais. Ninguém merece.

Eu creio que, ainda que o motorista de aplicativo prefira esse candidato ou qualquer outro - o que é do seu inteiro e absoluto direito - ele não pode expor sua escolha eleitoral a alguém cansado, voltando para casa e que pagou pelo serviço que ele estava prestando.

Rafael Vieira

5.5.2022


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